RESSIGNIFICAR A DOR

Por Psicologia em Arte - Luciane Brito em 20/12/2022
RESSIGNIFICAR A DOR

Incontável é a parcela da humanidade que sofre com o diagnóstico de transtornos mentais, bem como sintomas diversos ainda sem diagnóstico preciso, mas que afligem o ser humano.

Agorafobia, autismo, depressão, estresse, obsessão, psicose, toc, além de outros, promovem e provocam tormentos na rotina de quem com eles hão de conviver.

 O impacto é tão significativo que não se restringe ao portador, mas também ao cuidador, àqueles que convivem, àqueles que não raras exceções se tornam codependentes. Os transtornos mentais são a condição mental alterada do desenvolvimento cognitivo e afetivo, muitas vezes tornando incapacitantes tarefas até então fáceis de serem realizadas.

Diante de estudos bastantes abrangentes, as pesquisas sugerem complexidade. Mas este é um tema bastante vasto que não se esgota aqui, trazê-lo em questão inicialmente é com o intuito de levar não só orientação, mas também respeito e acalanto àqueles que têm um sofrimento psíquico diagnosticado e àqueles que têm um sofrimento emocional por sentirem-se impotentes por pouco poderem fazer. É uma atenção e luta constante para ambas as partes, a fim de que possam viver e conviver com o possível em qualidade de vida.

O filme “O Solista”, a quem interessar, retrata de forma sensível e com muita propriedade a bela trajetória de amizade, onde um sem teto deixa de ser apenas “mais um na multidão”, mas que as alterações de comportamento, humor, percepção por ele apresentadas, levam o amigo a sofrer pela cura que não está ao alcance.

Ainda com minhas considerações cinéfilas, sugiro também o filme “Melhor Impossível” que traz de forma bem humorada a dramaticidade de quem é portador de TOC, assim como o a demonstração de como o amor permite que vidas se entrelacem apesar do distúrbio. Bom, cheguei onde queria chegar, AMOR!! Ah o amor, tão desejado, tão esperado, tão sonhado. E de onde vem tanta expectativa?

 O livro do psicanalista, Erich Fromm, dentre outros conceitos e ensinamentos traz como ponto de partida as falsas e errôneas ideias sobre o amor; além de conceitos sobre o amor em diversos aspectos. No entanto, quando falamos de amor logo se pensa no brilho produzido por ele, na felicidade que faz o coração palpitar; datas comemorativas fazem com que muitas pessoas se aproximem para desfrutar do prazer do amor; as festas de final de ano parecem despertar ainda mais nas pessoas a vontade de experenciar os encantamentos do amor, onde tudo parece fica colorido assim como os enfeites de Natal.

Ora, mas venho aqui hoje levar solidariedade a quem o amor se faz presente e sempre fará, mas que a saudade se mistura com o amor e evidencia a dor, a dor daqueles que por razões que fogem a nossa vã sabedoria, se foram.

E aí, é hora de falar das emoções porque elas podem ficar afloradas, misturadas e até mesmo desorientadas. As emoções reconhecidas até então como as principais, são: Alegria, Medo, Nojo, Raiva, Surpresa e Tristeza.

A vida proporciona muitos motivos para se comemorar, mas em meio as comemorações há também ocasiões tristes; como a perda de um ente querido, de um pet querido e, eis que num período do ano em que somente se pressupõe confraternizações e celebrações tal qual é o paradoxo experenciado. Onde há alegria não pode haver tristeza? Onde há tristeza não se deve compartilhar alegria? Onde há raiva que outras emoções são desencadeadas e será que são expressas?

Talvez aí muito se faça presente o silêncio, o silêncio como forma de conectar-se as boas e memoráveis recordações de quem se foi, e nessa hora quem está por perto acolhe de que forma, retribui o silêncio, busca a melhor palavra (se é que existe)?

Algumas crenças refletem para o Natal sobre o nascimento do Menino Jesus; mentalizam a Paz Mundial para a Virada do Ano, enquanto que independente de crença religiosa aqueles que estão vivenciando a morte de alguém cujo apego afetivo era imensurável ou aquele que devido alguma enfermidade teme a morte anunciada e próxima se deparam frente a frente com a finitude inerente ao ser humano; morte e perda se fundem e conduzem ao processo de luto. Nesse processo que por sua vez, não é curto nem indolor e consiste em várias fases, a confirmação de ausência física daquela pessoa com tamanho apego afetivo reforça a existência ímpar de que cada ser é único e por isso insubstituível, um novo caminho de aprendizado começa a surgir e a adotar uma nova fonte de amor, que pode ser diversa: um alguém, um pet, um trabalho, uma viagem, uma casa, um hobbie; seja o que for que possa devolver a quem sofre, a capacidade de reorganizar a rotina em uma nova realidade.

Cito ainda, que elaborado o processo de luto a saudade, lembrança, o riso, choro podem aparecer a qualquer tempo, afinal eis o amor que jamais se perde, aliás é o combustível para ressignificar a perda. Posto isto, volto às emoções que são reações do corpo a estímulos advindos de experiências emocionais, comportamentais e fisiológicas, resultando em reações físicas.

No processo de luto algumas reações se tornam mais intensas reassegurando a importância do luto para não reprimir sentimentos, o que faz todo sentido ao contextualizar a palavra EMOÇÃO a partir da origem no latim: - EMOVERE, que significa movimento. Agora ao jogar luz a um assunto denso, compartilho com vocês a sugestão de conhecerem um pouquinho mais sobre as emoções de uma forma lúdica através do desenho animado: Divertidamente.

Reconheço conter este texto assuntos complexos e densos, que podemos continuar em outro momento. Porém, aqui quero deixar um pouco de mim àqueles que comemoram, que estão inebriados de alegria pelas conquistas e pelo ano promissor que está sendo 2022 e assim desejar um Abençoado, Belo e Colorido Natal, um início de ano em Paz e Próspero 2023.

E através desta oportunidade de escrever gostaria de me fazer presente e registrar meus votos para um Natal de coração preenchido e muita fé para 2023, na vida daqueles que convivem com doenças mentais, na vida dos codependentes, dos enfermos, dos que estão e aos que já passaram pelo processo de luto, dos que não realizaram as idealizadas conquistas, dos que por “n” razões não tiveram um ano promissor e, de forma sublime expresso em forma de palavras o meu incentivo de que na dificuldade seja em que âmbito, a vontade de viver seja a mola propulsora em todos os dias existentes...guiada pela luz que direciona sempre ao dia seguinte.

 Pelas perdas insubstituíveis e irreparáveis ocorridas em 2022, quando ainda em processo de luto advindo de 2021, abraço com minhas palavras minha amiga de sentimento mais puro: - Sandra Amaral e, nada menos importante com este registro solidarizo-me com toda família.

 

Caro Administrador do site, caros Leitores, FELIZ NATAL!! FELIZ ANO TODO!

 

Comentários

  • Muito bom, Luciane!
    Laila Fidelli
    20/12/2022
  • Parabéns pelo texto minha amiga...e muito obrigada pela homenagem. Fiquei surpresa, feliz e muito agradecida. Vc sabe que desde 2021 às coisas não estão muito fáceis, pelas perdas ocorridas neste período. Mas o amor vai transformar a dor em saudade. Obrigada mesmo. Gde bjo!
    Sandra Amaral
    20/12/2022
  • Querida Luciane, parabéns pelo texto tão apropriado para o momento - que é de reflexão sobre o que realmente importa nessa nossa caminhada. Tenha um Natal de Paz e Harmonia junto aos seus familiares e um Ano Novo próspero, com saúde e muitas alegrias.
    Raquel Costa
    20/12/2022
Aguarde..