O Peso da Expectativa por um Filho Varão

Por Selenita - O Poder da Mulher - Laila Fidelli em 29/11/2023
O Peso da Expectativa por um Filho Varão

Se há algo que permeia a trajetória da mulher na sociedade, é a sutil, porém persistente, pressão para gerar um filho do sexo masculino.

A felicidade quando descobrimos que carregamos uma vida dentro do ventre é inigualável, mas para muitas mulheres é o momento tenso onde abre-se parênteses para a seguinte questão: “É um menino ou uma menina? “.

Com a tecnologia e os inúmeros exames sofisticados, o sexo do bebê pode ser revelado com antecipação. Para as mães que estão dentro do uma família machista, o tormento inicia antes de finalizar os 9 meses de gestação. A criança já começa a sentir como está a vibração dos entes mais próximos. “Estão felizes ou decepcionados?”.

Desde tempos remotos, culturas ao redor do mundo atribuíram grande importância à descendência masculina, associando-a muitas vezes à continuidade da linhagem, herança e poder. As mulheres vistas como o “lado B” da sociedade, embora fossem as criaturas da procriação e sem elas não haveria humanidade, mas... não precisavam de muitas, a mesma poderia ter vários filhos.

A pressão por um filho varão frequentemente se manifesta de maneiras mais sutis do que abertamente declaradas, em tempos atuais. Porém sempre acompanhadas por comentários desagradáveis, piadas de mau gosto da família e expectativas veladas, criando assim, um ambiente hostil onde a mulher se sente pressionada a atender as expectativas.

A constante insistência sobre a importância de ter um bebê do sexo masculino pode levar as mulheres a questionarem seu próprio valor, seja dentro da família ou na sociedade. Carregando um fardo muito pesado pelo não cumprimento de uma tarefa absurda, uma cobrança incabível. Transformando o sonho de ser mãe em um angustioso pesadelo. Fazendo-a questionar em muitos momentos, o amor por aquele ente tão indefeso e necessitado de bons exemplos para que seja quebrado o ciclo de orgulho e vaidade.

A jornada da maternidade é uma dádiva que transcende as expectativas de gênero. Independentemente do sexo do bebê, a experiência de ser mãe é um presente extraordinário que nos conecta a um amor profundo e transformador.

O vínculo entre mãe e filho vai além das convenções sociais e das expectativas culturais, mergulhando nas águas da compreensão mútua, apoio e amor incondicional.

Abrir um diálogo sobre essa pressão é fundamental. Somente ao questionarmos e desafiarmos essas expectativas podemos criar uma sociedade mais inclusiva, onde a realização pessoal das mulheres não seja definida por normas ultrapassadas.

É crucial desconstruir a ideia de que a validade de uma mulher está intrinsecamente ligada à sua capacidade de gerar um filho do sexo masculino.

Já se passou o tempo de caminharmos em direção a uma cultura que celebre a diversidade e reconheça o valor intrínseco de cada indivíduo, independentemente de seu sexo, raça ou crença.

 

 

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