Mulher, Vida, Liberdade!

Por Selenita - O Poder da Mulher - Laila Fidelli em 13/10/2022
Mulher, Vida, Liberdade!

 

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Logo nos primeiros dias de governo no Irã, o então líder supremo religioso Aiatolá Khomeini, emitiu uma Fatwa (pronunciamento), definindo os códigos de vestimenta religiosos obrigatórios para as mulheres. E assim, no dia 8 de março de 1979, ocorreu o primeiro protesto em seu governo, milhares de pessoas foram às ruas para se opor a lei do Hijab forçado.

As mulheres, dentro do novo regime, deveriam ser reeducadas e doutrinadas para serem a “mulher muçulmana” ideal: uma mãe e esposa submissa ao homem e aos interesses do Estado. Criaturas tratadas como empregadas, escravas sexuais e para procriação, com seu grito calado por um regime de ditadura extremamente violento.

A história do véu, não surgiu no Islã. A primeira referência constatada foi em um texto assírio de 13 aC. Documentos mostram que as culturas indo-europeias, como os gregos, romanos e persas também praticavam seu uso em diferentes momentos, sobretudo para designar classes sociais. Mulheres judias, cristãs e hindus, cobriram a cabeça em diversos momentos na história do mundo.

O hijab é o mais popular dos véus, que costuma cobrir apenas o cabelo, as orelhas e o pescoço. É citado no Alcorão, o livro sagrado do islamismo. Além disso, Maomé, o profeta mais importante da religião, teria pedido a suas esposas que usassem o véu. Nesse caso, ele serviria como forma de diferenciação de suas esposas em relação às demais, demonstrando seu status. O adereço pode ser opcional, usado apenas em comemorações religiosas, ou no dia a dia como identificação da religião. Porém no Irã, desde o regime de governo nada religioso do Aiatolá Khomeini, passou a ser algo obrigatório.

Desde 2013, no dia 01 de fevereiro, é comemorado o Dia Mundial do Hijab, em apoio às mulheres que usam a vestimenta de forma rotineira em várias partes do mundo. A data foi criada por Nazma Khan, uma jovem imigrante de Bangladesh que sofreu bullying e preconceito ao usar seu véu quando migrou para os Estados Unidos. Muitas filhas de imigrantes muçulmanos no Ocidente, onde o uso não é obrigatório, costumam usar o hijab, por escolha própria, uma questão de identidade religiosa e autoexpressão.

Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948, expressa em um dos artigos que:“Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”

 

 Marsha Amini, uma jovem iraniana de 22 anos, que vivia no Irã, como já mencionamos, um país sem quaisquer respeito ao direito de escolha da mulher, foi espancada e morta, recentemente, pela “polícia da moralidade” pelo uso inadequado do hijab. Não é que ela não estava usando, foi presa porque seu véu não estava posicionado devidamente.

A morte brutal da jovem que estava de férias na capital Teerã, desencadeou uma onda de protestos que ultrapassou as fronteiras do Irã e ganhou o mundo.

A luta das mulheres iranianas não é apenas para derrubar a lei de obrigatoriedade do uso do hijab, e sim para serem reconhecidas como seres humanos dentro de uma sociedade machista e autoritária. Elas não estão renunciando o Islamismo, estão lutando para contar uma outra história do Islamismo, a importância da mulher, dos seus sentimentos, de tudo que pode contribuir para a construção de um mundo melhor, de igualdade e respeito por tudo, sem distinção.

Os protestos são compostos por maioria mulheres, jovens, estudantes, que gritam: “Mulher, Vida, Liberdade”, queimam seu hijab e cortam seus cabelos. Dentro da cultura deles, o corte de cabelo das mulheres, é um forte símbolo de angústia e dor.

 

 

O número mortes durante os protestos aumenta a cada dia, e não um funeral descente, com a participação da família está sendo liberado. Seus corpos massacrados são jogados em valas e somente depois de muito sofrimento, comunicam a morte à família.

Em um mundo onde estamos online 24hr por dia, onde tudo se tornou # , como uma ditadura faz para abafar as notícias de protestos, de centenas de jovens sendo mortas pela polícia durante os movimentos de luta? Bloqueando o sinal da internet, restringindo o acesso às redes sociais!

A mulher iraniana, dentro de uma cultura de desafios, ela nasceu para lutar, faz parte dela. Mesmo suas vozes sendo abafadas por tiros covardes, ela não teme a morte. Mas tem consciência que é o começo de um fim, mas que esse fim vai levar muito tempo, infelizmente... Muitas Aminis vão morrer para que novas Aminis nasçam com a mesma força de luta e, por fim, outras Aminis vivam em paz, com a liberdade de ir e vir, de ser o que elas querem ser e isso não será impedimento para praticar sua religiosidade, porque onde há a verdadeira  religiosidade há o amor. O amor que move o mundo para novos tempos, com insistência e perseverança, por dias felizes, por Marsha Amini e todas as outras tantas que morreram bravamente lutando pela Mulher, Vida e Liberdade!

 Assalam Alaikum wa Rahmatullah wa Barakatuh, saudação islâmica.

(Que Deus lhe conceda proteção, segurança, misericórdia e que Ele lhe abençoe)

 

Versão persa da música Bella Ciao contra o facismo italiano, se torna símbolo de protesto contra a morte de Marsha Amini

 

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