De Curandeira à Linha de Frente pela Saúde

Por Selenita - O Poder da Mulher - Laila Fidelli em 25/03/2022
De Curandeira à Linha de Frente pela Saúde

Áudio do Texto

Eu estava lendo um artigo sobre sexualidade para preparar o texto deste mês e me deparei com um fator bem desagradável: o machismo dentro da saúde brasileira. No parágrafo específico desse artigo que eu estava lendo, datado como junho de 2009, citava o início da obstetrícia aqui no Brasil, e a necessidade de, definitivamente, termos a presença da figura masculina nos cuidados da gestação e parto, entre outros detalhes atribuídos à figura do homem, como a última bolacha do pacote. Hello?

Motivo mais que do suficiente para mudar meu foco, deixar a sexualidade para um outro momento, e debatermos sobre esse machismo ridículo dentro da área médica, numa época, não posso nem dizer “pós covid-19” porque ainda estamos com esse vírus circulando por aí, na qual a atuação das mulheres na linha de frente dessa luta foi fantástica e destaque, sem dúvida alguma, no mundo inteiro.

A mulher iniciou sua atuação na saúde, em períodos remotos, como curandeira, e depois rotulada e condenada à morte como bruxa.

Destacamos também sua atuação, de longas datas, como parteira.

 

A pioneira no setor da medicina, Elizabeth Blackwell, tentou por 12 vezes até conseguir entrar na universidade Geneva Medical College/EUA em 1847. Assim, após ser admitida na instituição de ensino, precisou vencer diversos desafios. Foi considerada inadequada por ser mulher e por isso impedida de fazer demonstrações médicas em sala de aula. 

Aqui no Brasil, somente em meados 1880 foi permitido o ingresso das mulheres em faculdade de medicina.

Durante a Primeira Guerra Mundial, com o grande número de homens, inclusive médicos, convocados para a guerra, a sociedade foi obrigada a legitimar a presença feminina na medicina.

De acordo com a OMS, as mulheres correspondem a 90% das equipes de enfermagem do mundo. Em relação à linha de frente contra Covid-19, revela que 70% da força de trabalho da área de saúde no mundo são compostos por mulheres. 

Segundo Conselho Federal de Medicina, em 2019, do total de  novos médicos inscritos,  57,5% eram mulheres e 42,5%, homens, esse foi o maior percentual de mulheres registrado. Porém o quadro de chefia ainda são maioria dos homens, e na questão salarial, ainda há desigualdade.

E a medicina preventiva para as mulheres? 

O surgimento tardio da ginecologia como uma especialidade dentro da medicina mostra como a questão não era levada à sério. Além disso, mesmo após seu surgimento, estudavam a mulher como um corpo determinado somente à reprodução.

Pasmem!!! George Papanicolaou, médico que descobriu a eficácia do exame ginecológico para prevenção do câncer no colo uterino, escreveu seu artigo de 100 páginas sobre o fato em 1928. Esse mesmo artigo foi levado em consideração somente em 1943 quando ele resumiu para 8 páginas, aí que foram verificar o quanto era satisfatório sua eficácia do exame popularmente conhecido como papanicolau.

 

A campanha Outubro Rosa, a maior difusora da importância do autoexame e da mamografia para a prevenção e diagnóstico precoce de nódulos que indicam a existência do câncer de mama, ganhou força pelo mundo, na década de 90, ou seja, 10 anos após o desenvolvimento do primeiro aparelho de mamografia aqui no Brasil.

E assim caminhamos na luta, mesmo deixadas de escanteio. O pulsar nos faz mover e o mundo girar, aqui estamos firmes e fortes, sem esmorecer, mas com bom ânimo para cumprirmos com nossas tarefas diárias, seja com nosso próximo ou com nós mesmas, seguindo sempre de cabeça erguida e fé no coração.

 

Comentários

  • Helen Lúcia Gonçalves
    25/04/2022
Aguarde..