A SAGA DA MULHER BRASILEIRA PELA EDUCAÇÃO

Por Selenita - O Poder da Mulher - Laila Fidelli em 05/07/2021
A SAGA DA MULHER BRASILEIRA PELA EDUCAÇÃO

Eu li a biografia da Malala Yousafzai, da qual tenho profunda admiração, e conheci toda sua luta por direito a educação, na época em que o Talibã iniciou seu domínio no Paquistão.

Desde que o mundo é mundo, a mulher luta por direitos, e obviamente, pelo direito à educação.

Aqui no Brasil, por ter sido uma colônia de Portugal, seguiu as leis portuguesas que consideravam o sexo feminino parte do imbecilitus sexus, ou sexo imbecil, uma categoria à qual pertenciam mulheres, crianças e doentes mentais.

Assim sendo, a mulher era apenas um ser de procriação e de afazeres domésticos, nunca, jamais, um ser pensante. A mulher honrada deve ser sempre calada!

A primeira reivindicação pela educação feminina aqui no Brasil, negada piamente, foi por pedido de um indígena, ao padre Manoel de Nóbrega. Para os indígenas, as mulheres eram consideradas companheiras, e com isso, desejavam que tivessem as mesmas oportunidades educacionais do homem.

Mas foi Madalena Caramuru, indígena casada com um português, a primeira mulher brasileira a aprender a ler e a escrever, tendo feito uma carta de próprio punho ao padre Manoel de Nóbrega em 1561, solicitando ajuda na educação das mulheres indígenas, reforma negada pela corte portuguesa.

A primeira legislação específica sobre o ensino, após a Independência, foi a lei de 15 de outubro de 1827, conhecida como Lei Geral, que marcou a criação de escolas de primeiras letras , as quais conhecemos hoje como Ensino Fundamental. Porém, as mulheres, seguiram sendo discriminadas: não tendo acesso a todas as matérias ensinadas aos meninos, principalmente as consideradas mais racionais, deveriam focar em aprender as “artes do lar”. 

Em 1879, o governo imperial permitiu, o ingresso de mulheres nas faculdades. As mulheres solteiras deveriam apresentar licença de seus pais; e as casadas, o consentimento por escrito de seus maridos.

No meio de toda essa discriminação, viveu Nísia Floresta (1810-1885), educadora, escritora e poetisa brasileira. Nascida no sertão do Rio Grande do Norte, numa época onde as meninas se casavam aos 13 anos de idade. Conseguiu se separar do marido, após alguns meses, e retornar a casa dos pais. Em passagem por um convento de carmelitas, Nísia aprendeu a ler e escrever. Iniciou sua carreira de escritora no jornal local, ainda jovem. Começava então, sua luta pelos direitos das mulheres, com ênfase na educação, considerada desnecessária pelo império, ela argumentava que precisavam da educação para serem livres. Em 1838, fundou no Rio de Janeiro, um dos primeiros colégios exclusivos para meninas, o Colégio Augusto. A legislação brasileira previa escolas femininas desde 1827, porém o ensino era limitado à educação do lar. O Colégio Augusto, então, previa as mesmas aulas que os meninos recebiam, como matemática, português e história. Nísia foi uma ativista feminista de grande destaque e importância no Brasil.

Junto a atuação de Nísia Floresta no direito à educação da mulher, estiveram Anália Franco, Nise de Silveira, Maria Victória Benevides, Bertha Lutz, entre outras histórias inspiradoras de mulheres que vieram ao mundo, para fazer a diferença, lutando pelo direito ao conhecimento que liberta o ser humano da triste escuridão da ignorância.

Enfim, na década de 90, as mulheres brasileiras, ultrapassaram os homens em nível de escolarização. A proporção de pessoas analfabetas já é significativamente menor entre as mulheres do que entre os homens em todos os grupos com até 39 anos de idade. As mulheres também superaram os homens em número médio de anos de estudos e, nas salas de aula, reinam absolutas, dados segundo levantamento do INEP do ano 2000. Esse fato surgiu após o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho, houve assim a buscar um melhor nível de escolaridade como forma de compensar a discriminação salarial de gênero.

Desde a descoberta do Brasil, em 1500, até os tempos de hoje, 2021, centenas de anos se passaram, e árduas batalhas pela igualdade educacional foram travadas. De um lado, as mulheres, com pouca ou nenhuma palavra, e do outro, a soberania de uma sociedade hipócrita e machista. As conquistas foram lentas, mas temos esse direito conquistado, e creio no orgulho de nossas heroínas que vislumbraram o dia em que fosse concedido o destaque merecido pelo esforço, competência e dedicação da mulher, e esse dia ainda há de chegar!

 

Comentários

  • Texto maravilhoso parab
    Marisa
    06/07/2021
  • Este dia chegar
    Gisele
    26/07/2021
  • Parab
    Rita
    26/07/2021
  • Como educadora nesta reencarna
    YONE
    26/07/2021
Aguarde..