A Dor que Dói na Alma

Por Selenita - O Poder da Mulher - Laila Fidelli em 07/06/2021
A Dor que Dói na Alma

Eu acredito que a vida não começa e não termina aqui. Faz parte da minha compreensão de um Deus justo, soberano e de infinita bondade.

Portanto, muitas vidas eu já vivi e muitas viverei para minha evolução como ser espiritual. Em uma ou em algumas, eu sinto que sofri violência como mulher, e Deus em sua sabedoria e justiça, me proporcionou a oportunidade de conviver nessa vida com homens gentis. Meu avô paterno, apesar da pouca convivência, ele sentia um respeito imenso pelas mulheres. Para ele, a mulher era um ser intocável... Meu pai nunca me repreendeu com nenhum tapinha que fosse, mesmo quando eu era criança. Seguindo fielmente a frase: “Homem não bate em mulher!”. Quando meu filho era pequenino, ele sofria com as brigas infantis junto das meninas, ele apanhava e eu nunca deixei ele revidar. Eu vinha de um legado onde homem não bate em mulher e esse legado eu queria seguir com unhas e dentes.

Enfim, todos os homens da minha família são gentis: filho, marido, irmãos, pai.... Acho que Deus queria me mostrar que sim, é possível um ser do sexo masculino respeitar um ser do sexo feminino. E um dia, será algo normal, eu creio!

A mulher carrega em seu corpo, a reprodução da espécie humana, a engrenagem principal que faz o mundo girar. Um ser que tem lindas curvas e que consegue pensar com o cérebro e com o coração!

Bom, relatei a vocês a minha experiência positiva na vida atual com o ser do sexo masculino. Mas dentro de mim, ainda existe uma revolta quando vejo que muitas mulheres sofrem violência dentro de seus lares e fora dele também. É como se eu revivesse uma dor similar de tempos remotos.

Como eu disse, a mulher é essa engrenagem fantástica que faz o mundo girar, tem uma importância contestável, e sabemos que tudo que se sobressai, que causa impacto, fere o ego do ser humano que ainda rasteja na evolução. Seja ele um homem, e até mesmo uma outra mulher. Por isso que ainda vemos tanto aumento do feminicídio. Existe sim a questão cultural do sexo frágil, de achar que a mulher é mais fraca, que pode ser sufocada como verme sem importância. Mas acho, realmente, o que sobressai é uma questão de ego, de orgulho, de egoísmo, de vaidade, de medo diante da afronta, não aceitar o que é diferente de si, de algo que tem força, que tem amor no coração.

Aqui no Brasil, temos a lei intitulada Maria da Penha, criada em 2006, baseada nas agressões contra as mulheres que são qualificadas como violência doméstica, e traz as definições de todas as suas formas (física, psicológica, sexual, patrimonial e moral). Ressaltando ainda a responsabilidade da família, da sociedade e do poder público para que todas as mulheres possam ter o exercício pleno dos seus direitos.

O nome dessa lei Maria da Penha foi em homenagem a uma mulher que lutou durante 19 anos por justiça. Ela ficou paraplégica após ter sido baleada por seu ex-marido. Maria da Penha é formada pela Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal do Ceará, foi casada durante muitos anos e viu sua vida se transformar num inferno de agressões violentas. Seu agressor foi condenado, já cumpriu a pena e diz que sempre foi inocente.

A pena branda e as brechas no código pena brasileiro gera a certeza de sair impune, ocasionando o aumento da violência, principalmente, contra as mulheres.

 Uma das brechas no código pena brasileiro era a alegação de legítima defesa da honra. Quando se fala em legítima defesa da honra, para os fins desse julgado, está se referindo “ao perdão do autor de feminicídio ou agressão praticado contra a esposa ou companheira adúltera”. Enfim, a pessoa agride, mata, e era perdoada perante a justiça brasileira... simples assim!

Estamos no ano de 2021, e a poucos meses, essa brecha foi fechada! Então, essa desculpa nojenta e esfarrapada, nenhum criminoso receberá a absolvição.

Eu conheci pessoalmente, muitas mulheres que sofreram agressões muito violentas dentro de casa, seja por parte do marido, do pai ou dos irmãos. Não nos cabe julgar essas irmãs, e sim acolhê-las em nosso coração. A ajuda precisa ser indireta e discreta, porque existe um lado sombrio nessa história que não acaba no tribunal. É um passado doloroso que não é desvinculado de imediato. Mesmo quando ocorre a separação de espaço físico, os traumas mentais permanecem por um bom tempo.

“Toda dor importa!”. Seja a dor que você sente no momento, a que já sentiu e que ainda está por vir... e a dor que vive dentro de seu semelhante também importa. O que você faz de sua vida, compete a você essas decisões, do seu modo de ser o mundo. E a forma com que o outro conduz sua vida, depende das atitudes e de sua forma em que ele enxerga o mundo. Muitas vezes, o brilho que você enxerga no seu horizonte, o outro ainda não enxerga no dele.

Quando eu penso nelas, imagino sempre elas sorrindo, mesmo sabendo que por dentro estão despedaçadas. Porque é essa a imagem e essa postura que desejo para todas elas, as que eu conheço e as que eu não conheço. O que desejo é que elas encontrem a essência divina que todos nós temos dentro de si, que a força vibre esperança, coragem e fé. Enquanto houve um sopro de vida, há oportunidade de recomeçar! Oremos por cada dor, por cada lágrima, por cada boca que foi covardemente calada, por cada pedido desesperado por justiça!

Central de Atendimento à Mulher -  Lei Maria da Penha

Ligue: 180

 

Comentários

  • Lindo! Laila parab
    Marilene
    08/06/2021
  • Adorei Laila, precisamos sim apoiarmos umas as outras. Ter carinho por nossas irm
    Hélida goncalt
    08/06/2021
  • Lindo texto...parab
    Célia Regina
    08/06/2021
  • Querida Laila, amiga, irm
    Maria Galo
    08/06/2021
Aguarde..